quinta-feira, 20 de março de 2008

ADOLESCÊNCIA

De acordo com Philippe Ariès (1981), somente no século XVI é que passa a diferenciar-se infância, juventude e velhice. “A expressão juventude abrangia uma idade mais tardia e significava ‘força da juventude’, não havia, portanto, lugar para adolescência”. Segundo o autor, a juventude teria sido valorizada no século XVII e “o primeiro adolescente moderno teria sido o Siegfried, de Wagner”. O autor diz ainda que “a música de Siegfried exprimia, pela primeira vez, a mistura de pureza, força física, naturismo, espontaneidade e alegria de viver, a qual faria do adolescente o herói do século XX”.
Para David Levisky (1995), “a adolescência é um processo que ocorre durante o desenvolvimento evolutivo do indivíduo”, transição do estado infantil para o estado adulto. Outro pesquisador do tema Paul Henry Mussen (2001), afirma que o termo adolescência vem do verbo latino “adolescere”, que significa “crescer para a maturidade” e esta maturidade na vida do adolescente é que causa ao mesmo tempo alegria e tristeza, coragem e medo, segurança e insegurança, paz e conflito.
Segundo o mesmo autor, a adolescência é um momento mágico na vida do sujeito, uma fase em que o adolescente está deixando de ser uma criança (fase infantil) e começando a galgar passos à fase adulta. Momento este, de constante conflito interior, pois ao mesmo tempo em que o adolescente quer ser adulto, ele também tem constantes conflitos, medos e se refugia na família (pai/mãe) procurando proteção como a criança costuma fazer, mas às vezes os pais por não compreenderem este momento mágico na vida dos filhos, acabam construindo uma barreira na relação pais e filhos.
A luta do adolescente para estabelecer um sentimento estável de identidade provavelmente contribui menos para a tensão no seio da família do que para sua busca de valores e de identidade. É um processo mais unilateral que o da determinação de novos valores ou de tornar-se independente. Mas afinal, o que é adolescência? Os conceitos referentes à adolescência são bem vastos, pois é um fenômeno relacionado ao comportamento humano em uma determinada fase da vida e que pode variar de pessoa para pessoa, bem como de cultura para cultura. A verdade é que existe um consenso teórico quanto ao fato de ser ela (adolescência) uma fase de transformação física, intelectual, e de assinalar o fim da infância. Porém estudiosos discordam quanto às causas, à extensão e a importância dessa transformação.
Barnabé Tierno (1997), diz que em termos gerais, pode-se definir a adolescência como um processo de individualização de caráter psicológico, iniciando-se com as mudanças fisiológicas e terminando com o status de adulto. César Coll (1995), ressalta que é preciso que se faça uma distinção entre o que é puberdade e adolescência. Segundo o autor, puberdade é o conjunto de modificações físicas que o corpo infantil recebe durante a segunda década da vida, transformando e capacitando-o para a fase adulta. É um fenômeno universal, um fato biológico, um momento da maior importância em nosso calendário maturativo. A adolescência, o autor ressalta que é um período psicossociológico, não necessariamente universal, pois não é adotado em todas as culturas, que se prolonga por vários anos, tendo como característica principal à transição da infância para fase adulta.
Para Manning (1993), em todas as culturas, adolescência torna-se conhecimento da passagem da infância para idade adulta. Percebe-se que há dois pontos de vista diferentes. César Coll (1995), afirma ser um processo que envolve dois aspectos do desenvolvimento humano: o social e psicológico e que não acontece necessariamente em todas as culturas, ao contrário do que afirma Manning (1993). Diante disto conclui-se, que no caso específico do Brasil, especialmente do Tocantins, a teoria de César Coll (1995), é mais evidente, pois se sabe que no seio familiar das camadas sociais que estão a margem da exclusão social, não existe esta divisão de etapas na vida do sujeito, é como se estivessem no século XV, ou é criança ou é adulto, com uma ressalva, naquela época a família não preocupava com o desenvolvimento cognitivo da criança e sim com o ofício (profissão) que o filho iria seguir e hoje as preocupações dessas famílias em relação ao adolescente é quanto a sua própria sobrevivência, (subemprego) devido a falta de condições sócio-econômica da família.