sábado, 26 de julho de 2008

YouTube - Randy Pausch Last Lecture: Achieving Your Childhood Dreams

YouTube - Randy Pausch Last Lecture: Achieving Your Childhood Dreams

quinta-feira, 20 de março de 2008

ADOLESCÊNCIA

De acordo com Philippe Ariès (1981), somente no século XVI é que passa a diferenciar-se infância, juventude e velhice. “A expressão juventude abrangia uma idade mais tardia e significava ‘força da juventude’, não havia, portanto, lugar para adolescência”. Segundo o autor, a juventude teria sido valorizada no século XVII e “o primeiro adolescente moderno teria sido o Siegfried, de Wagner”. O autor diz ainda que “a música de Siegfried exprimia, pela primeira vez, a mistura de pureza, força física, naturismo, espontaneidade e alegria de viver, a qual faria do adolescente o herói do século XX”.
Para David Levisky (1995), “a adolescência é um processo que ocorre durante o desenvolvimento evolutivo do indivíduo”, transição do estado infantil para o estado adulto. Outro pesquisador do tema Paul Henry Mussen (2001), afirma que o termo adolescência vem do verbo latino “adolescere”, que significa “crescer para a maturidade” e esta maturidade na vida do adolescente é que causa ao mesmo tempo alegria e tristeza, coragem e medo, segurança e insegurança, paz e conflito.
Segundo o mesmo autor, a adolescência é um momento mágico na vida do sujeito, uma fase em que o adolescente está deixando de ser uma criança (fase infantil) e começando a galgar passos à fase adulta. Momento este, de constante conflito interior, pois ao mesmo tempo em que o adolescente quer ser adulto, ele também tem constantes conflitos, medos e se refugia na família (pai/mãe) procurando proteção como a criança costuma fazer, mas às vezes os pais por não compreenderem este momento mágico na vida dos filhos, acabam construindo uma barreira na relação pais e filhos.
A luta do adolescente para estabelecer um sentimento estável de identidade provavelmente contribui menos para a tensão no seio da família do que para sua busca de valores e de identidade. É um processo mais unilateral que o da determinação de novos valores ou de tornar-se independente. Mas afinal, o que é adolescência? Os conceitos referentes à adolescência são bem vastos, pois é um fenômeno relacionado ao comportamento humano em uma determinada fase da vida e que pode variar de pessoa para pessoa, bem como de cultura para cultura. A verdade é que existe um consenso teórico quanto ao fato de ser ela (adolescência) uma fase de transformação física, intelectual, e de assinalar o fim da infância. Porém estudiosos discordam quanto às causas, à extensão e a importância dessa transformação.
Barnabé Tierno (1997), diz que em termos gerais, pode-se definir a adolescência como um processo de individualização de caráter psicológico, iniciando-se com as mudanças fisiológicas e terminando com o status de adulto. César Coll (1995), ressalta que é preciso que se faça uma distinção entre o que é puberdade e adolescência. Segundo o autor, puberdade é o conjunto de modificações físicas que o corpo infantil recebe durante a segunda década da vida, transformando e capacitando-o para a fase adulta. É um fenômeno universal, um fato biológico, um momento da maior importância em nosso calendário maturativo. A adolescência, o autor ressalta que é um período psicossociológico, não necessariamente universal, pois não é adotado em todas as culturas, que se prolonga por vários anos, tendo como característica principal à transição da infância para fase adulta.
Para Manning (1993), em todas as culturas, adolescência torna-se conhecimento da passagem da infância para idade adulta. Percebe-se que há dois pontos de vista diferentes. César Coll (1995), afirma ser um processo que envolve dois aspectos do desenvolvimento humano: o social e psicológico e que não acontece necessariamente em todas as culturas, ao contrário do que afirma Manning (1993). Diante disto conclui-se, que no caso específico do Brasil, especialmente do Tocantins, a teoria de César Coll (1995), é mais evidente, pois se sabe que no seio familiar das camadas sociais que estão a margem da exclusão social, não existe esta divisão de etapas na vida do sujeito, é como se estivessem no século XV, ou é criança ou é adulto, com uma ressalva, naquela época a família não preocupava com o desenvolvimento cognitivo da criança e sim com o ofício (profissão) que o filho iria seguir e hoje as preocupações dessas famílias em relação ao adolescente é quanto a sua própria sobrevivência, (subemprego) devido a falta de condições sócio-econômica da família.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

REFLEXÕES SOBRE OS MODELOS DE ESTADO

Para que serve o Estado? Numa concepção liberal o Estado seria autônomo, acima das classes sociais, sendo inclusive o ponto de equilíbrio nos conflitos gerados na sociedade. Segundo o sociólogo Benjamim Lago, “sua ação estaria orientada para o bem comum”, o que não ocorre. O Estado é uma instituição organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém o monopólio legítimo do uso da força.
Segundo Marx, os homens são, antes de qualquer coisa, agentes da produção, usam as mãos para trabalhar com coisas e seres vivos, utilizando ferramentas e máquinas, para satisfazer as necessidades humanas; organizam esse trabalho para melhor economia social e sobre essa base técnico econômica da sua sociedade, criam a superestrutura política que a complementa, que depende da técnica e da economia e está a elas subordinada, mas não pode pó si mesma transformá-las.
O modelo de Estado Comunista é um sistema econômico que nega a propriedade privada dos meios de produção. Num sistema comunista os meios de produção são de propriedade comum a todos os cidadãos e são controlados por seus trabalhadores. Sob tal sistema, o Estado não tem necessidade de existir e é extinto. As principais críticas ao comunismo assentam essencialmente na idéia que quanto maior é intervenção do estado, mais negativa é. Porque interfere com a liberdade individual e livre iniciativa das pessoas e empresas, que, curiosamente, são quem sustentam involuntariamente o Estado através dos impostos e taxas.
Esta liberdade da qual o comunismo defende, Jean-Paul Sartre em seu livro “o ser e o nada” diz que “o homem, estando condenado a ser livre, carrega nos ombros o peso do mundo inteiro: é responsável pelo mundo e por si mesmo enquanto maneira de ser [...] Nesse sentido, a responsabilidade do Para-si é opressiva [...]”, então se percebe, que esta reflexão de Sartre se contrapõe a afirmação de liberdade defendida pelo regime comunista.
É certo que Marx considerado o pai do comunismo, vislumbrava a idéia de uma organização societária, onde a classe burguesa seria substituída pela classe proletária no comando político e econômico do Estado. Isto porque no seu modo de entender a sociedade a verdadeira classe produtora era a proletária.
O Estado Democrático que teve seu início com a positivação dos objetivos fundamentais do Estado. Portanto, o marco histórico foi na confecção do documento inglês Bill of Rights, entre 1688-1689 e as Constituições portuguesa e espanhola. Democracia é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos (povo), direta ou indiretamente, por meio de eleitos representantes — forma mais usual. A palavra Democracia vem do Século IV A. C. Aristóteles (Demo + Kratos = Poder do Povo; Demo + Crácia = democracia).
A principal promessa do Estado Democrático é trazer acréscimos, renovar o aprimoramento de instrumentos que se prestasse a desenvolver a cultura democrática na prática política. Em suma, o ápice democrático trata-se da evolução e da transformação por que passaram o direito de resistência e de participação.
O Modelo de Estado Brasileiro à Luz da Constituição Federal de 1988, no seu artigo 3ª, que constituem os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, diz que:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
No capítulo II que rege os Direitos Sociais, o artigo 6ª complementa: “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade, e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição”.
Neste sentido percebe-se claramente que a constituição brasileira tem como significado ideológico, um Estado Social, pois legisla em prol das classes trabalhadoras, mas há um, porém: Segundo sociólogo Martinez, este modelo de Estado não conseguiu se desvencilhar do capitalismo, pois se desenvolveu em países capitalistas. O que dá margem para aqueles que detêm o capital de continuar manipulando as classes trabalhadoras. Falta um Direito Constitucional forte, que tenha aplicabilidade.
Percebe-se que o modelo brasileiro se assemelha com o modelo socialista e democrático, (Social-Democracia), duas correntes ideológicas que tem como ponto comum, o princípio da humanização, mas o que falta de fato é uma pratica efetiva de nossos representantes no Congresso Nacional, que a todo o momento está de olho somente no seu próprio umbigo, um exemplo claro, foi a novela da CPMF. Ficou nítido para a sociedade que aquele embate triunfal dos nossos Senadores de situação e oposição tinha um objetivo claro, se fortalecerem nos seus respectivos Estados enfraquecendo a situação com vista às eleições de 2010, deixando a sociedade à margem dos desmandos do executivo, contrariando a nossa carta magna.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

POLÍTICAS PARA A JUVENTUDE

Palmas é detentora do título de ter sido a primeira cidade e conseqüentemente o Estado a ter implantado uma Secretaria de Juventude. Tenho o privilégio de ter sido o segundo Secretário Municipal da pasta. Naquela época os recursos para os programas eram oriundos dos cofres do Município ou de parcerias com o Estado, muito pouco era oriundo do Governo Federal.
Na esfera Federal não tinha uma política especifica para juventude, como se tem hoje, através da Secretaria Nacional de Juventude, reforçando significativamente nos Estados e Municípios da Federação uma política mais eficaz na promoção do protagonismo juvenil, da igualdade, na formação dos jovens, qualificando-o para o primeiro emprego e também na prevenção a gravidez precoce, o envolvimento com drogas e etc. Ou seja, fazendo o trabalho de preventivo. O mesmo não se pode falar quanto às políticas de recuperação de jovens em conflito com a lei, a nível Estadual como já descrevi no último dia 01 de fevereiro nesta conceituada coluna com o título “A receita da violência urbana”.
Esta Política Nacional de Juventude não surgiu de uma hora para outra, assim, por acaso: trata-se de uma resposta do Governo Federal a uma cobrança da sociedade. Nos últimos anos, jovens e adultos se uniram para reivindicar a garantia dos direitos juvenis. Por conta dessa articulação intergeracional, a juventude está mais presente na agenda política brasileira e o Estado do Tocantins contribuiu de forma determinante na sua consolidação, graças às ações concretas da Secretaria Estadual de Juventude, que hoje continua sendo modelo aos demais Estados da Federação.
A parceria envolvendo as Secretarias de Juventude nos três níveis de governo tem feito uma verdadeira revolução no interior do nosso Estado, promovendo uma discussão crítica sobre temas relacionados diretamente a juventude como: família, educação, sua cidade, relação com o trabalho, (emprego, desemprego e subemprego), o tempo livre, drogas, cultura, meio ambiente, sexualidade, diversidade, política, a mídia, a liberdade, e etc. Ouvindo os seus anseios e colocando em prática ações nos Municípios do Estado, com políticas concretas, focando estes anseios, e que sejam enfim alcançados.
É preciso ouvir a juventude, pois o modelo atual de vida dos jovens está sendo o de conciliar o trabalho com os estudos, cuidar de filhos prematuros, contribuírem nas despesas em casa, a busca pela qualificação profissional, através de cursos profissionalizantes ou curso superior. Então a juventude esta precisando ser ouvida e tem muito a contribuir com sugestões para as políticas públicas voltadas pra eles, pois são os atores sociais destes “problemas” sociais.
Gosto de um refrão da música “Deixa-me ser jovem”, da CEBI – Comunidades Eclesiais de Base, que retrata este momento atual da juventude e que diz assim: “Deixa-me ser jovem, não me impeça de lutar, pois a vida me convida a uma missão realizar”. E a missão da juventude brasileira, é moralizar este país num futuro próximo e para que isso aconteça, é preciso ter políticas consistentes, concretas que envolva de fato a juventude nas decisões relacionadas a elas.
Tudo isto está acontecendo graças aos Fóruns e Conferências Municipais de Juventude que tem sido promovido pela Secretaria Estadual da Juventude em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude e muito bem abraçado pelos Gestores Municipais, o que dá mais credibilidade as discussões. Este tipo de política merece o reconhecimento da sociedade Tocantinense, pois se percebe que os gestores tanto da Secretaria da Juventude, como dos Municípios envolvidos, estão dando “a mão à palmatória”, um velho ditado popular. Ao convocar a juventude de seu município para ser ouvida, mesmo sabendo que pode ouvir algo que não agrade os seus ouvidos.
Estas Conferências e Fóruns que estão acontecendo em todo País, está sendo também um meio de pesquisa, da qual sairá documentos relatando o perfil da juventude brasileira. Possibilitando aos governos nos três níveis, instrumentos que vão proporcionar um planejamento com estratégias específicas relacionado a esta parcela da sociedade, evitando com isso, políticas ineficazes, algo comum nos governos brasileiros.
Acredito que uma grande festa da democracia, afirmando o que estou relatando aqui, acontecerá na Conferência Estadual no mês de março e na Conferência Nacional no mês de junho em Brasília. O Governo Estadual e Federal estão no caminho certo quando abraçam as causas relacionadas à nossa juventude que tanto gritou que tanto lutou décadas atrás e que continua gritando e que me parece agora, está podendo ser ouvida.
No entanto conclamo a juventude tocantinense a não perder esta oportunidade promovida pelo Governo Estadual e Federal, a levantar a sua bandeira, pois esta é sua hora, é sua vez!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A Receita Da Violência Urbana

Na minha fase de criança, anos 70, e adolescência, anos 80, os conflitos na escola ou no bairro onde morava era comum, assim como é hoje. A diferença é que naquela época trocava se impurrões, alguns tapas, principalmente quando se ofendia alguém da família (Pai, mãe, irmãos), mas logo depois passava a raiva e tudo voltava ao normal.
Acontece que nos dias atuais já não é mais assim, as crianças e adolescentes se agridem e até matam, por causa de um tênis, dinheiro, agressão verbal, pelo poder associado ao tráfico, por ter “cassado conversa”, desculpa muito comum nas escolas quando há uma agressão física entre alunos. Quais são os motivos dessa mudança radical no comportamento destas crianças e adolescentes nas últimas décadas? Como orientador Educacional, procuro estudar e compreender no dia-a-dia na escola, estes comportamentos entre crianças e adolescentes fora do padrão social estabelecido, as causas são as mais diversas, mas acredito que as mudanças mais profundas ocorridas hoje e nesta fase da vida, destes pequenos, aconteceu por motivos sociais. O Estado não ofereceu e não oferece condições mínimas as famílias, em estado de vulnerabilidade econômico-social, uma identidade cidadã. Desemprego, má qualificação, aliada a educação de má qualidade, informação demais na cabeça das crianças/adolescentes, desequilíbrio social, “uns com muito, outros com nada”, corrupção política, impunidade e etc. estes ingredientes acabam gerando a receita da violência urbana.
Um magistrado da esfera Federal, no começo da semana passada, expediu uma decisão proibindo a distribuição e venda dos jogos eletrônicos “counter-strike” e “everquest”, pois os mesmos, segundo o Juiz, são muito violentos e excita a violência. Ora, isto é uma questão muito relativa, depende do convívio social desta criança/adolescente, se ela está inserida numa comunidade, onde há um desajuste social muito grande (família desequilibrada, tráfico, roubo, exploração do trabalho, prostituição, fome, falta do poder do Estado), esta criança com certeza será instigada à violência, mas não por causa do jogo eletrônico, este pode até influenciar, mas muito pouco em relação a sua realidade social, esta sim influenciará predominantemente, na sua escolha, de ser violento ou não.
Conheço vários exemplos de famílias que em casa tem algum tipo de jogo violento, mas que o mesmo não influencia na maneira desta criança ou adolescente de agir na sociedade ou na escola. A criança/adolescente encara o jogo como jogo, acabou o mesmo, acabou a violência, e isto dependente da sua formação moral, os valores ensinados não na escola, mas na base social desta criança/adolescente: a família.
Acredito que a decisão que o magistrado deveria ter tomado e que causaria um impacto maior, seria no sentido de diminuir as desigualdades sociais, exigindo do Estado o cumprimento do seu papel conforme determina a Constituição Federal; que se criassem mais centros de recuperação de menores em conflitos com a lei, mas que estes centros fossem bem equipados, com bons profissionais, bem remunerados, boa infra-estrutura, assistência à família do menor e etc. que se construíssem mais escolas e que estas também tivessem boa estrutura física, bons profissionais concursados e bem remunerados, que os corruptos pagassem pelos seus crimes, não na cadeia porque seria uma despesa a mais para o Estado, mas em trabalhos comunitários, contribuindo na qualificação da comunidade e conhecendo de perto a realidade, de onde o dinheiro que ele desviou deveria ter sido aplicado. Decisões como esta, acredito eu, teria muito mais impacto, do que uma mera proibição de um jogo eletrônico. Afinal a família é livre para escolher se o jogo pode ou não ser usado em sua casa.
Para concluir a reflexão, quero alertar as autoridades tocantinenses que “abram a capa do olho”, senão a receita da violência urbana pode começar a ser fabricada aqui e causar um caos, já que a violência entre jovens no Brasil é uma realidade, que em vários Estados se tornou calamidade pública, e no Tocantins com este modelo atual de política a menores em conflito com a lei, em breve pode também se tornar mais um nas estatísticas nacionais. Aqui o poder público não valoriza o trabalho dos Conselhos Tutelares, como deveria. Estes nobres profissionais trabalham em condições mínimas de atendimento, devido ao tamanho das suas demandas de trabalho e péssima infra-estrutura, seja humana, seja material; o centro de recuperação em Palmas é um faz de conta, sem uma política específica de recuperação. A internação em si não resolve o problema. Afirmo isto com conhecimento de causa, pois já tive alunos que passaram por situações de internação sem a devida necessidade. É público e notório que o trabalho por lá, acontece sem planejamento pedagógico, sem especialistas, sem projeto prático, fato amplamente divulgado pela mídia local. Papel e discurso aceita tudo. Basta relembrar as últimas rebeliões. Os jovens não iriam se rebelar, se tivessem recebendo o tratamento adequado, com profissionais e política adequada. E os demais centros em Araguaína e Gurupi, que não sai do papel? O tempo urge, com o tempo não se brinca, ele pode ser um grande aliado, quando bem usado, mas também um inimigo mortal quando não sabemos usá-lo e a sociedade Tocantinense pode pagar caro por esta omissão do Estado.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Base familiar, fundamental na formação do ser humano

No texto “Anjos caídos: A face oculta da infância”, Rose Campos, aborda o comportamento do ser humano na fase infantil, como a maldade, violência e que ligação genética há entre si. Aborda também a bondade, agressividade e quais são as relações existentes no comportamento com a família, escola e sociedade.
Percebe-se que o tema é muito complexo, pois cada indivíduo é diferente do outro, há crianças que são agressivas, outras calmas, existem os falantes, os calados, os tímidos e etc. Sendo assim, é difícil chegar a uma conclusão mais consistente a respeito dessas diferenças.
Mas uma verdade pode-se observar. Vários pesquisadores citados no texto, afirmam que existe uma diferença clara e lógica entre as ações de maldade e agressividade da infância em relação à fase adulta, como também é claro a importância da estrutura familiar no desenvolvimento da criança, na compreensão do seu comportamento, procurando educá-lo baseando-se, nos valores morais e éticos, sendo complementado na escola.
Quando há na escola casos de crianças com constantes comportamentos de agressividade, seja com seus colegas ou até mesmo com seus professores, percebe-se claramente que ela está pedindo por socorro chamando a atenção através da agressividade, e a ponta do “Ice Berg”, normalmente está na estrutura familiar que por uma questão social, econômica ou outra qualquer. Esta criança que não pediu para nascer, estar ali no meio destes conflitos, precisando de ajuda.
Hellen Bee e Paul Henry Mussen em seus respectivos livros “A criança em desenvolvimento” e “Desenvolvimento e Personalidade da Criança”, comentam que as crianças vivem reclamando da falta de atenção por parte dos pais. Nesta idade, é preciso que haja muito carinho e atenção com os filhos. Há pais que procuram preencher a sua ausência física ou afetiva comprando os filhos com bens materiais que os satisfaçam momentaneamente, prejudicando ainda mais a relação, a formação do caráter da criança e o seu convívio no contexto social e escolar. A família é a principal instância social de desenvolvimento, pois é através dela que se adquirem os valores, a cultura, o conhecimento de si mesmo e os padrões de adaptação social necessários ao convívio com a sociedade onde a criança é inserida, logo ao nascer.
A família é a base fundamental para a formação do sujeito e quando não há esta base, a criança fica sem um referencial, fazendo com que ela tenha comportamentos fora dos padrões da normalidade. A maldade, a raiva e a agressividade são sentimentos normais na infância, pois ela está construindo o seu mundo, seus valores. O caráter está em formação, mas tem um limite para essas reações e quando são constantemente extrapoladas, é necessário procurar ajuda de especialistas, para que no futuro o problema não se torne maior.
No livro “casa não é lar”, Ramón Llongueras Arola, diz que “a família é o primeiro e principal contexto de socialização dos seres humanos”. A criança, desde sua gestação, tem a família como um referencial para as suas necessidades e curiosidades, já que no começo a criança é totalmente dependente da família para sua sobrevivência.
Muitas famílias quando detectam tais comportamentos, procuram “jogar” literalmente as crianças nas escolas, com o intuito de resolver o problema de “mau comportamento” de seus filhos, sendo que na realidade, a educação moral é fundamentada na base familiar. A escola é responsável pela aprendizagem da criança, seu desenvolvimento cognitivo e etc. Outras questões relacionadas ao complemento educacional da criança, são de responsabilidade conjunta, família e escola.
O problema é que a grande maioria das escolas brasileira, sejam elas públicas ou particulares, não está preparada para receber a família como parceira. E nós educadores, principalmente os Orientadores Educacionais, somos o elo entre a família e a escola, e precisamos repensar nossas ações e agir com certa urgência em relação família/escola/educando, para tentarmos quebrar os paradigmas existentes nos diversos e obscuros comportamentos na fase infantil, e que sempre estará surpreendendo nós adultos e nos dando instrumentos e campo para a pesquisa sobre o comportamento e desenvolvimento do ser humano.
A banda está passando e precisamos acompanhá-la, senão teremos a cada dia que passa em nossa sociedade, menores delinqüentes, revoltados e agressivos, independentemente de classe social, como os exemplos que diariamente é noticiado pela mídia: o caso da empregada doméstica espancada por jovens no Rio de Janeiro, ou os alunos que estão agredindo professores nas escolas públicas da grande São Paulo, causando um caos social e um sentimento de impotência diante dos fatos. A responsabilidade é de todos nós, vamos assumir juntos, escola, família, Estado e sociedade, para que em curto prazo possamos diminuir as desigualdades e a violência entre crianças, adolescentes e jovens em nosso País.

A CRIANÇA, O ADOLESCENTE E O TRABALHO



Ao ler notícias e opiniões sobre o trabalho infantil, sinceramente fico num dilema terrível, justamente por causa da minha história de vida. Minha origem é de uma família de funcionários públicos, que poderia classificar na época, como “classe C” e sempre trabalhei, pois meus pais não tinham condições de me dar dinheiro todo dia para lanchar na escola, comprar papel e linha para soltar pipa, comprar brinquedos e outras bugigangas que menino gosta de comprar. Neste sentido, minha avó, que Deus a tenha, fazia no fundo do quintal de nossa casa uma pequena horta e todo dia eu saía para vender na vizinhança do Novo Horizonte, bairro no qual eu morava em Goiânia. Aos sábados fazia frete na feira, com um carrinho de rolimã que meu pai fizera, no final do dia levava para casa frutas e verduras, uns trocados e satisfação pessoal de estar sendo útil. Vendia pipas nas férias escolares, trabalhava de engraxate na avenida principal do bairro, lavava carro no hospital da OSEGO, em frente a minha casa, e até de vendedor de picolé, já trabalhei. Aos 16 anos ingressei no pró-jovem, o maior programa de inclusão de menores no mercado de trabalho que o Estado de Goiás já teve, no governo de Henrique Santillo. O certo é que nenhuma destas atividades que fiz me atrapalhou nos estudos ou na minha formação enquanto cidadão, pelo contrário contribuiu significativamente no que sou hoje.
A TV cultura está apresentando aos domingos às 18h00min, o documentário sobre o Xingu, produzido em 1980, do renomado documentarista Washington Novaes. Serão dez episódios e no último domingo 12/08, o tema foi a forma de vida das crianças nas aldeias indígenas do alto Xingu, onde mostra claramente que a criança é livre para brincar, trabalhar, caçar, pescar, participar de tudo dentro da aldeia, pois os pais e os Pajés acreditam que os pequenos índios precisam ser formados com as experiências do dia-a-dia dentro da aldeia. Não se proíbe o trabalho, é algo salutar na educação dos pequenos índios.
Assim, não consigo compreender este discurso proselitista de alguns órgãos públicos e, sobretudo de ONG’s, que criança seja proibida de trabalhar. Que criança tenha somente que brincar. Concordo que explorar física e financeiramente a criança, é errado, é crime, diante de tudo isso, faço alguns questionamentos: Onde será melhor de se ficar? Num barraco de lona sem conforto, sem comida, ou num local de trabalho (engraxando, vendendo picolé, auxiliando nas feiras etc.) onde a criança se alimenta e no final do dia, ainda leva para casa o alimento e compartilha com os demais membros de sua família? O que é melhor para a criança, ficar em casa assistindo programas de televisão vazios exibidos todos os dias, ou numa feira fazendo frete interagindo com as pessoas e ainda ganhando alguns trocados gerados pelo seu próprio suor? O que é melhor à criança? Chegar à escola comprar o seu lanche com o seu dinheiro, conquistado com o seu próprio trabalho, ou aquele dado pelo pai? Como educador, sou consciente que o melhor lugar para criança é na escola, no seu lar com a família, mas também acredito que no horário inverso ao da escola, a criança depois de fazer suas atividades escolares de casa, pode e deve perfeitamente trabalhar em algo que goste, não obrigado, mas por livre iniciativa dela, seja engraxando, seja como vendedor em alguma mercearia próxima a sua casa, na feira, ou até mesmo com os pais. A criança deve ser livre para fazer esta escolha, assim como as crianças das aldeias do alto Xingu.
O ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe o trabalho infantil, mas o mesmo não consegue criar mecanismos, para que o Estado garanta a todos os cidadãos brasileiros, sem distinção de classes, condições dignas de trabalho, educação, moradia, saúde e etc. O ECA abre espaço para programas assistencialistas como o PETI, BOLSA FAMÍLIA, PIONEIROS MIRINS e tantos outros programas governamentais que tem o resquício do passado, “dos coronéis”, que controlavam o povo com as suas migalhas, o chamado “voto de cabresto”. Não estou aqui fazendo campanha contra o ECA, pelo contrário, já se passaram uma década de sua implantação e a política Nacional para Criança e o Adolescente continuam aquém às regulamentadas pelo ECA, bem como as políticas sociais, justamente por causa do “ralo” da corrupção que predomina em todas as esferas do poder, basta assistir aos nossos telejornais diários. O ECA poderia até funcionar em países Europeus ou nos EUA, onde as políticas sociais são consolidadas e a corrupção amplamente combatida. Suas leis são de fato cumpridas. Acredito também que um dos fatores que leva as crianças e adolescentes ao envolvimento precoce com a marginalidade, independente de classe social, se dá por causa do ócio. É preciso debater esta forma de olhar “a criança, o adolescente e o trabalho”, pois o modelo atual dá sinais claros de que não está dando certo, senão teremos futuros cidadãos acostumados a receberem tudo do “Estado” e ao mesmo tempo não valorizarem, pois nunca tiveram a oportunidade digna de trabalho e, sobretudo de valorizar o ganho gerado pelo seu próprio suor.

DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR


Um fato importante que podemos destacar é: a fase de criança até a fase adulta, no período escolar do ensino fundamental e médio até a universidade. O sujeito experimenta vivências heterogêneas com os colegas que trazem consigo em suas culturas, costumes, crenças e junto com o professor é socializado em sala de aula formando um conjunto que proporciona a cada um dos membros novas experiências e relacionamentos mais fortes que marcarão sua trajetória de vida, principalmente na adolescência quando se quer dar “o grito de liberdade no lar, na escola e no meio social”. É o contexto escolar tem que saber lidar com essa rebeldia transitória que esta fase exige do sujeito.
O educador americano Stevenson, diz que “As crianças que não freqüentam a escola, além de não aprender muitos conceitos e estratégias complexas, também tem mais dificuldades para generalizar para um outro ambiente um conceito ou princípio aprendido. Portanto, freqüentar a escola ajuda as crianças a aprender, a pensar”. Este é o papel principal da escola levar o educando a pensar, a construir o seu próprio conhecimento, a partir do que é ensinado pelo professor e através das relações com seus colegas em sala. É um dos objetivos da escola estimular estas relações para que novos conhecimentos sejam construídos.
A escola precisa trabalhar o professor no sentido de que em sala de aula possa conhecer as habilidades de cada educando e trabalhá-las, para que ele possa sozinho ir descobrindo que profissão escolha no futuro, pois terá o conhecimento de suas habilidades, desta forma sua escolha profissional será menos traumática.
A qualidade escolar é outro fator preponderante para que o educando tenha um bom desenvolvimento, porque não adianta ter uma boa estrutura física, se a estrutura humana não tem preparo adequado para auxiliar na formação deste aluno.
Ramón Llongueras Arola, em seu livro “casa não é lar: o abrigo como contexto de desenvolvimento psicológico”, afirma que “Toda sociedade estabelece mecanismos próprios de ensino e de transmissão cultural, sem os quais não se pode entender a evolução de seus membros. Esses mecanismos agrupam-se em dois tipos básicos de ambientes educativos: um ambiente formal (formal setting), próprio do sistema escolar caracterizado por uma educação altamente regrada e estruturada, e um ambiente informal (informal setting), que agrupa as situações à margem da escola”.
Uma escola de qualidade tem um conjunto de fatores que eleva esta qualidade. Boa estrutura física, materiais didáticos, bibliotecas, espaço, professores bem formados, uma filosofia concreta (objetiva) e gestão autônoma. Tudo isto implica em uma boa qualidade e conseqüentemente um facilitador para o desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos.
Para os pesquisadores Estebam e Blasi, a influência do estilo de ensino e a ação didática é capaz de ordenar os fatores que influem no aprendizado eficaz do educando. A qualidade, o nível de instrução, incentivo, o tempo, são fatores variáveis que podem influenciar no desenvolvimento.
A escola não é simplesmente um abrigo obrigatório que a família tem que matricular seu filho, mas um local instituído para a construção de múltiplos conhecimentos, explorando no educando o desenvolvimento de suas inteligências que também são múltiplas e variadas.
Celso Antunes, renomado palestrante e pesquisador em seu livro “como desenvolver conteúdos explorando as inteligências múltiplas afirma que a escola nos últimos anos através de seus gestores e pesquisadores tem procurado quebrar paradigmas com uma visão inovadora no processo de ensino e aprendizado dentro de sala de aula. A escola não prepara o educando somente para o mundo do trabalho, mas também para o mundo social e afetivo e para isso temos que ter como atividade escolar, o estímulo e a educação cerebral nos nossos educandos. Segundo ele “As mudanças de paradigmas trazidas por essa nova visão da mente humana interferem, portanto, no tema da educação e trazem novas linhas de procedimentos para que a escola convencional acrescente às funções institucional, socializadora e preparadora para o mundo do trabalho uma outra, voltada ao estímulo e educação cerebral e assim, progressivamente, possa ir se transformando em um centro estimulador de inteligências”.
Nessa linha de raciocínio precisamos adaptar os conteúdos escolares a outros conteúdos que para Celso Antunes, são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem do educando na escola, sendo um fator determinante na sua formação integral.

DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM: ESCOLA/FAMÍLIA


Durante anos a escola tinha como conceito de currículo a sistematização de disciplina, conteúdo e carga horária. Havendo assim uma educação conteúdista, onde o aluno era apenas receptor e o professor considerado o detentor do saber, tornando o sujeito no processo ensino e aprendizagem. Com isso o aluno era trabalhado apenas no que diz respeito ao aspecto cognitivo, desconsiderando os aspectos emocionais, sociais, físicos e psicológicos.
Com o decorrer da nossa política social, gradativamente as mudanças foram acontecendo, e o nosso aluno começou a ser trabalhado de maneira que estimulasse o ato de pensar e criar, tornando-se o sujeito do saber. Aspectos esses que cabem a escola valoriza-los e procurar aliados para ter melhor conhecimento deste contexto de seu aluno. Para isso é necessário à escola envolver com a comunidade/família, pois é nela que está o alicerce da formação da criança e do adolescente e por isso, não deixando de perceber e compreender o seu contexto.
Os educadores devem ter a consciência que a escola, é a base complementar da educação que família ensina em casa, e não apenas clientes a quem oferecem seus serviços. Os pais, por sua vez, devem ter no educador a confiança e o respeito de que ele está comprometido com o desenvolvimento dos alunos/filhos, assim como o seu próprio desenvolvimento.
Diante disto, é muito importante termos bem claro que dentre as importantes funções delegadas à escola, de uma forma simplista, já que se trata de um fenômeno social, que poderíamos discorrer horas sobre ele, mas a principal função é possibilitar as nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos a construção de saberes/ competências e habilidades necessárias para a vida.
Heloísa Szymanski, no livro “a família contemporânea em debate”, ressalta que “Quando resolvemos escolher um caminho de vida que é diferente daquele proposto pelo modelo, estamos criando uma condição nova, que pode vir a ser um novo pensado. Só que agora é o nosso pensado, construído com a realidade da nossa vida, nosso sofrimento, nossas conquistas é que mais tarde poderá ser modificado”.
Porém, temos que nos questionar enquanto educadores: como a escola é vista hoje pela família? Ela está preparada para receber e trabalhar a família no contexto escolar hoje? Principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da aprendizagem dos seus alunos? É verdade que se pretende formar cidadãos, reflexivos, críticos e capazes de viver e conviver, de desenvolver-se e continuar aprendendo a participar interagir e trabalhar integralmente no seio da sociedade.
Para KRAMER, Esta reflexão tem que ser uma constante no meio escolar pois, “[...] a escola constantemente culpa a família pelos diversos problemas da criança – dificuldades afetivas à aprendizagem – isentando-se na maioria das vezes, de assumir o seu papel de ensinar. Com isso provoca maior afastamento justamente daquelas famílias que muito necessita da escola – as de classe populares”.
Não podemos negar que hoje, principalmente na rede municipal de ensino já existam projetos que procuram envolver a comunidade, família na escola, um exemplo, é o projeto em parceria com o Governo Federal denominado de “Escola Aberta à Comunidade”, sendo este colocado em prática sempre aos sábados, facilitando esta integração. Temos também em todas as escolas municipais, a figura do Orientador Educacional, que tem como uma de suas atribuições, fazer e ser o elo de ligação entre a escola e a família do educando.
Assim, percebe-se que existem escolas tentando diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz. Embora encontrem ainda escolas que o discurso está longe de uma prática mais efetiva e que até objetivam a integração da escola/família/comunidade, para que o desenvolvimento da aprendizagem do educando venha a ser satisfatório, para ambos os lados.

A EJA PEDE SOCORRO!

A educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil teve início com o trabalho de catequização realizado pelos Padres Jesuítas, no período Colonial. Com o avanço econômico e tecnológico, agregou-se: mão-de-obra, qualificação e escolarização do sujeito. Mas o que é a EJA? É uma modalidade de ensino que dá oportunidade a Jovens e Adultos; que não tiveram a oportunidade no período certo por motivos diversos, a buscar a erradicação do analfabetismo. Porque não se elimina este câncer social? Acredito que por falta de continuidade nas ações governamentais, falta seriedade e compromisso por quem está no comando, na esfera Federal Estadual e municipal.
Desde a revolução, na década de 30, até os dias atuais, o Brasil vem criando mecanismos (campanhas/programas/projetos) e estes são interrompidos, pois não são ações de “Estado” e sim de “Governo”. A Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), década de 40; A Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA), década de 50; Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), década de 70; e A Educação de Jovens e Adultos (EJA) anos 90; são alguns exemplos, que nos remete à reflexão da atual situação da EJA que pede socorro em conseqüência de gargalos, que são muitos e vou enumerar alguns a seguir:
1 – A carga horária de professores da EJA em sua grande maioria é complementar; profissionais que não conseguiram fechá-la no ensino regular ou tem outro cargo (Estadual/Municipal) na educação, são lotados na EJA com esta finalidade. Está na hora de debater a dedicação exclusiva na educação. 2 – A falta de profissionais com perfil para trabalhar na EJA é outro problema. Ser professor na EJA não é para qualquer profissional, tem que ter o perfil adequado, pois a metodologia tem que ser diferenciada bem como a forma de relação professor/aluno. 3 – Na formação continuada tem que se procurar enfocar: metodologia, avaliação e relação professor/aluno de forma sistêmica, sendo o mais objetivo possível. Hoje as formações de professores é uma embromação; desmotiva mais do que motiva. 4 – O tempo de aula hoje é de três horas e meia, em seis meses. Estudar o conteúdo de um ano em seis meses é um contra senso. Não podemos encarar a EJA somente para objetivar a erradicação do analfabetismo, temos que ir além disso, formar cidadãos para o mercado de trabalho, para a vida em sociedade, com qualidade. Acredito que precisamos adequar o currículo da EJA à realidade de seus alunos, bem como o tempo, poderia ser diminuída para duas horas e estender para um período de um ano. 5 – A diferença de faixa etária é outro problema: jovens e adultos possuem comportamentos diferentes. Uma determinada prática de ensino pode ser eficaz na aprendizagem do adulto, mas não para o jovem e assim vice e versa. Temos que separar o jovem do adulto na EJA, pois são realidades bem diferentes, talvez aí esteja a causa do seu alto índice de evasão.
Percebe-se que mesmo com estes gargalos no sistema da EJA, o espaço escolar ainda é para estes sujeitos, em dos poucos espaços de socialização, interação e troca de experiências (culturas), e o professor da EJA tem e deve explorar esta relação social dos alunos. Paulo Freire no seu método de alfabetização visando à libertação dá um significado especial a esta relação professor/aluno: “Para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e educandos, uma relação de autentico dialogo. Nesta perspectiva, portanto, os alfabetizadores assumem, desde o começo da ação, o papel de sujeitos criadores. Aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem”.
Percebe-se que ainda estamos longe de alcançar a educação para todos, pois os governos precisam implantar políticas educacionais para EJA de “Estado” e não de “Governo”, que elas sejam integradas; que os professores juntamente com a escola elaborem projetos adequados e não copiem modelos prontos; que a sociedade possa contribuir sem discriminação e sim valorizando esta modalidade de ensino tão importante para a inclusão, desenvolvimento e integração do sujeito no meio social; que os alunos possam se sentir orgulhosos de serem estudantes da EJA, valorizando a oportunidade de estudar e ampliar os seus conhecimentos. Precisamos debater o ensino na modalidade EJA, tanto externo como internamente na escola, senão esta modalidade poderá estar com os dias contados, basta ir às escolas e perceber que o número de alunos matriculados está bem abaixo da ofertada pela rede pública. Alunos existem e os motivos pelos quais não se matriculam ou evadem são os gargalos antes enunciados. Governantes que estão à frente da educação, vamos dar a atenção e assistência que a EJA merece!